sexta-feira, 23 de abril de 2010

Texto I

Hoje acabaram as comemorações do dia nacional do choro. Um pouco lá no SESC e outro pouco no Conservatório. Bem pouco mesmo, pra ser sincero. Agora a noite conversando com minha mãe ela comentou que tinha a impressão de que as pessoas não davam a merecida importância pra esse tipo de música e é verdade, aliás, lamentavelmente, é natural.

Digo que é natural porque o choro é um gênero dificílimo de tocar. E por ser difícil é pouco acessível a todo mundo, ou seja, é mais fácil tocar essas músicas que a mídia veicula que possuem três acordes básicos do que os dez invertidos e com o encadeamento harmônico complexo do choro. Mas não quero muito falar sobre isso, quero é agradecer à música por ter aparecido na minha vida e se tornado o que é hoje pra mim. Imprescindível.

Ontem (quinta-feira, 22/04) cheguei ao conservatório umas oito da manhã com o violão de baixo do braço e louco pra ver como ia ser a oficina. O professor colocou umas músicas, conversou sobre a importância do violão no choro e depois largou baixarias pros setes e foi dando uma passeada sobre as formações dos acordes pros seis cordas, foi uma mistureba danada, uns dez violões numa sala minúscula, os baixos que falavam, eles mesmos se respondiam tal era a confusão. No fim a gente saiu sorrindo alegre pra caramba por ter aprendido uma penca de coisa legal. De tarde mais música, mais ensaio, e já no SESC o clima era de descontração mesmo. Todo mundo já tinha perdido a vergonha de tocar e aí as rodas de choro desenrolaram como eu nunca vi desde que comecei a tocar violão. Até eu solei ‘sons de carrilhões’ e tive o prazer de ser acompanhado por um velhinho simpaticíssimo, Seu Ricardo, quando mandei ‘Noite de Lua’ do Dilermando Reis. Cheguei quebrado em casa, mas feliz e com uma satisfação que pouquíssimas vezes senti na vida. Hoje (sexta-feira, 23/04), oficialmente o dia do choro – e aniversário de Pixinguinha – seguiram os ensaios de manhã e a tarde, já lá pras 17h nos apresentamos e foi muito bom.

Por sinal, as apresentações tanto da quinta como de hoje dos outros grupos, Arabiando, Choro Brasil, Galho Seco e o choro infanto-juvenil do SESC, foram incríveis e me deram gás pra estudar ainda mais muito grande. Uma galera talentosa e que às vezes a gente nem conhece, foi muito bom ver tanta gente boa tocando.

Tô bem cansado, mas queria escrever esse troço sem sentido nem roteiro só pra falar de como foram os dias e poder registrar a alegria que senti e ainda sinto por tudo que aconteceu esses dois dias. Conheci muita gente boa, muita mesmo, gente talentosa e que toca muito bem, tanto pra pouca idade quanto pro pouco tempo que tem de música, conheci gente também com muita idade e com muita música, feito seu Ricardo que citei mais em cima, acho que de todos foi o que mais me diverti com as conversas.

Na quinta enquanto a gente esperava o teatro abrir ele falou algo que vou usar pra acabar isso tudo, até porque depois dela não tem mais o que dizer. Não me lembro o contexto, sei que a gente tava conversando e de repente ele virou e disse “só de música tenho 40 anos, e se não tivesse ela na minha vida preferia estar morto... pra que? Com essa violência e tudo que esse povo tem feito aí fora? Nem! Amo a música e se não fosse ela preferia mesmo ‘tar’ morto”. É isso.

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